Artigo: Tudo aqui está quieto, um silêncio profundo

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Por: Kaito Lomartire

Ah meu pai! Uma semana sem você. Uma semana sem o seu abraço, sem o seu cheiro, sem o seu carinho, sem o seu ombro amigo. Sem o seu conselho e sem sua crítica. Tudo aqui está quieto, um silêncio profundo. Os pássaros cantam, as nossas cachorras latem e sei que você está por perto. Eu sinto você por aqui, ao deitar e ao acordar. Sinto sua proteção mesmo que de longe. Eu perdi você pai, perdi para uma doença que chegou em silêncio e simplesmente, tomou conta de tudo e te blindou como se fosse um escudo difícil de ser combatido.

A história de luta e superação do meu pai começou em dezembro de 2022, com os primeiros sintomas. Em março de 2023, a primeira cirurgia. 43 dias de hospital, sendo 33 de UTI e quase 6 meses de reabilitação. 16 quimioterapias, 8 sessões de imunoterapia. Chegou a bater o sino que indicava o encerramento do protocolo médico para câncer de vias biliares (colangiocarcinoma) e iniciaria em 2024, as sessões de manutenção de imunoterapia. Depois de sentir dores abdominais e ter sido diagnosticado como uma obstrução intestinal, passou por uma nova cirurgia em 1 de fevereiro e segundo o médico, um novo diagnóstico: “O tumor voltou com gosto! (carcinomatose, câncer no peritônio)” Dia 2 de fevereiro, às 11h, horário destinado à visita da UTI na Santa Casa de Taquaritinga. Minha irmã entrou primeiro, conversou com o médico e as notícias não foram as melhores. Meu pai estava fraco, teve uma hemorragia. Minha mãe entrou para a visita apreensiva, pois não sabia o que poderia acontecer.

Durante sua visita, meu pai pediu para me chamar, eu entrei com minha mãe e a cena que presenciei foi de tristeza, dor e sofrimento. Sua pressão marcava 8/5 no monitor, saturação baixa, falta de ar, em meio ao som de pi… pi… pi… Ele tentava falar, e dizia para eu cuidar da minha mãe. Eu respondi para ele ficar tranquilo, que eu ia cuidar da mãe e da Juliana. Disse também o quanto o amava. E ele me respondeu: “Eu também te amo filho”. Acabou o tempo de visita, me despedi com um beijo em sua testa, um clima estranho no ar, muita dor, tristeza e choro. 15h40 você parou pai e o meu mundo parou junto com você. Perdi o chão deixando um vazio enorme no meu coração. Mesmo dia 2, há 5 anos quando o meu avô Chico também faleceu. Se soubesse que seria nossa última conversa, teria dito tantas outras coisas pra você meu pai!

Em seu velório, dia 3 de fevereiro, recebi tantos abraços e tantos carinhos das pessoas que eu nem sequer conhecia. Ouvi várias histórias desconhecidas, pessoas agradecidas e realizadas profissionalmente, graças a você pai! Você descansou e deixou uma cidade inteira em luto. Familiares, parentes, colegas de trabalho, amigos, uma multidão de alunos. Deixou um legado enorme para a educação de Taquaritinga. Onde você estiver pai, saiba que eu te amo e pode ter certeza que eu, minha irmã e minha mãe temos muito orgulho do senhor, pai. Eu sou eternamente grato, por tudo que nos ensinou. Pela educação que nos deu e pelo guerreiro que você foi nesses últimos meses.

Ontem, fizemos uma missa de 7º dia em sua homenagem pai. A igreja estava cheia de amigos e pessoas que te amam. Hoje, dia 9 de fevereiro, uma semana do seu falecimento, estou aqui no quintal de casa escrevendo este relato com os olhos cheios de lágrimas, com muita vontade de te abraçar e dizer o quanto sou grato por tudo. A saudade vem, as lágrimas aparecem, mas saber que você descansou sem sofrimento me conforta.

 

Queria agradecer a Santa Casa de Taquaritinga por todo o apoio com meu pai e nossa família nesses quase 1 ano de tratamento. Obrigado a todos os colaboradores, coordenadores, diretores, enfermeiros e médicos.

Pai, fique bem aí de cima, nos guie e nos proteja sempre e aqui embaixo eu to cuidando da Jú e da mãe, como você me pediu. Nosso sentimento é de missão cumprida, eterna saudades meu pai.

*Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.

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